quarta-feira, 22 de abril de 2009

Praia deserta

Na calada da noite luarenta e sonhadora, surgiram duas silhuetas caminhando ao longo daquela praia deserta. O vento soprava suave, quante e envolvia os corpos numa dança graciosa.

A luz da lua iluminava aquelas duas silhuetas separadas do resto do mundo, das pessoas mesquinhas e de mentes reduzidas e pouco dadas ao amor entre duas mulheres. Uma delas senta-se no areal fitando a outra que se encaminha para o mar e ali ficam as duas, numa contemplação mista e divinal. Os corações batem cimpassadamente tal como o ritmo do mar a enrolar na areia, subitamente a estaticidade é quebrada, as mentes deixam-se de freios e os corações tomam conta, as mulheres tornam-se amantes e os preconceitos caem por terra. Os corpos unem-se, desnudam-se.

O tempo deixou de existir, assim como tudo à face da terra, elas estão ali apenas uma para aoutra e assim permanecerão enquanto se vão explorando mutuamente e sem presas.

Os beijos soltam-se, as emoções fluem e a imaginação não importa. Os corpos aquecem envoltos um no outro e na brisa erótica que se faz sentir e que as envolve.

Ali nada importa e nada prevalece, a não ser a beleza daquele corpo nu, daquele corpo de mulher. As línguas tocam-se, envolvem-se uma na outra, nenhuma delas fala, não precisam! Os corpos comunicam entre si, silenciosos e cheios de palavras.

Todos aqueles desejos escondidos vão-se libertando e todas as fantasias vão tomando forma.

Ambas estão habituadas a dar, mas a noite é longa, a envolvencia e a ternura crescem e o amor está presente em cada poro de suas peles macias.

Uma delas sussurra ao ouvido da outra: "hoje receberás!" e os seus corações disparam. Deitada naquele areal imenso, aquela mulher sente uns lábio carnudos e uma língua húmida a percorrerem-lhe o corpo, os beijos são doces, prolongados e húmidos.

Ela sente o seu corpo a pulsar cada vez mais, seus seios a enrijecerem, a sua sensibilidade a aumentar como nunca. O contorcer dos corpos era constante, sua mão percorria aquele corpo voluptuoso, incessávelmente os seus dedos subiam e desciam como que um serpentear de uma serpente, muito calmamente, sem pudor nem freios. O descobrir de cada contorno, de cada textura, de cada sabor era longo e apetecido, os corpos tocavam-se, roçavam-se um no outro, as essencias corporais fluiam e sua mão descia calmamente pelos seus peitos rijos e suculentos, tacteando-os.

Ela sentia a tensão a crescer: a cada beijo que lhe acariciava os peitos, a barriga, as coxas, o sexo.

O sexo era doce, tão doce quando as sensações que despertava em ambas, sabia a mar e a caramelo ao mesmo tempo. Ela queria sugá-lo por completo, sorve-lo, possui-lo como que violentamente, de quão tamanho era o desejo que sentia a brotar de dentro de si.

Aquele desejo flamejante atenuava e dava lugar a uma ternura quase que infantil.

Beijou-lhe novamente o sexo húmido e ardente, tocou-lhe com as mãos e sentiu o seu pulsar, penetrou-o com os dedos, muito lentamente como se se tratasse da sua primeira vez. Possuiu-a então... ali naquela praia deserta mas cheia de sons, de contorces, de vida, de amor e de sabores.

Ainda tinha o seu sabor nos lábios e foi com eles que foi ter. Beijaram-se vezes sem conta, beijaram-se durante horas, minutos, segundos de puro prazer e extase mutuo.

Olharam-se enquanto se amavam, enquanto se deleitavam com o descobrir de cada uma, enquanto se possuiam como se cossem cobras. Enlaçavam-se uma na outra, lambiam-se, beijavam-se, tocavam-se no seu "eu" mais íntimo e secreto.

"És linda!" - sussurrou enquanto lhe passava as pontas dos dedos pela face e a beijava carnosamente.

Comtemplava-a, comtemplava-a a cada toque e nela via reflectido todo o seu amor, todo o seu desejo. Vi-a pulsar, gemer. Vi-a e amava-a cada vez mais, ali debaixo daquele céu estrelado que acolhia o seu amor.

Abraçou-a fortemente e ali permaneceram envoltas uma na outra.

Usavam-se como peles uma da outra, conheciam-se, amavam-se... e naquela noite tudo foi perfeito e clandestino. E ali permaneceram a contemplar o céu repleto de estrelas.

1 comentário:

Duque disse...

Contra mim falo... mas não há nada mais belo que duas criaturas tão graciosas e magnificas como são as mulheres entregues mutuamente num enlace perfeito.
Um belo texto que cheira a mar e a amor.
Voltarei.